“Porquê vocês vem aqui? Como se sentem?” – foi uma das perguntas mais sinceras que já me fizeram. Depois de cerca de um ano fazendo parte das visitas semanais à Fundação CASA e conversando com os garotos sobre amor, generosidade, perdão, pecado, sobre mudança de vida, sobre Deus, sobre a responsabilidade que cada um tem sobre sua vida, os frutos são difíceis de ver; O que percebemos é que os funcionários tem um respeito crescente por nós e que os garotos estão se abrindo aos poucos.
“É impossível perdoar aqui dentro, é impossível amar aqui dentro” – afirmou um deles quando compartilhávamos sobre amor e perdão. Respostas como estas a princípio parecem ser um grande balde de água fria. Mas não são, muito pelo contrário! Respostas como estas mostram que eles estão perdendo o receio de falar o que pensam, o que sentem e que estão pensando sobre o que estamos falando.
Para nossa surpresa, (ou não) muitos, para não dizer a maioria, já foram a igrejas evangélicas e conhecem os “hits” evangélicos do Irmão Lázaro, Trazendo a Arca, etc, mais do que nós mesmos. E provavelmente boa parte destes já “aceitaram a Jesus” em apelos de púlpito. O que faltou? Suspeito de algumas coisas, entre elas o discipulado, mas minhas indagações a este respeito acabam aqui.
No mesmo dia em que perguntaram “porque vocês vem aqui?”, nos falaram que a sociedade não acredita neles, que eles saem de lá e são mal vistos por todos. Explicamos que somos a parte da sociedade que acredita SIM neles, que eles podem mudar de vida, que eles tem esperança, sempre apontando que esta esperança é fundamentada em Deus e Cristo. O Evangelho consiste em trazer luz aonde há trevas, a verdade aonde há mentira. Trazemos a verdade para eles, que todos nós pecamos e que eles tem jeito sim, assim como nós temos jeito.
“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” – João 8:32 – Que a verdade que nos liberta, possa libertar a eles também, e que o Cristo seja visto em nós, apesar de nossas muitas imperfeições, pecados e preconceitos.