Por Lilian Pires
Nossa depois de um mês em Piratininga, São Paulo eu tenho muita coisa nova para informar, então resolvi nomear este texto de Aventuras em Pi. Não será um texto de longa metragem, mais uma curta demonstração do grande agir de Deus nestes dias aqui.
Logo na primeira semana  tivemos aula sobre a Teologia do design, com o nosso professor Aleck Cartwright, onde aprendemos que nós não podemos não se comunicar, pois mesmo no silêncio, estamos comunicando algo. Deus fez tudo com  uma forma, função e relacionamento, inclusive nós  e viu Deus que tudo era bom. Como herança Ele nos deixou a criatividade para que pudéssemos sempre encontrá-lo através da arte. Então eu descobri porque Deus permitiu que eu estivesse aqui. Não foi uma zebra estar em Piratininga, mas um plano certo de Deus para dar forma, função e propósito a arte e o chamado que Deus tem pra mim.
Por falar em chamado,  Carla de Paulo nos guiou na disciplina da segunda semana onde nos levou a pensar sobre a responsabilidade de fazermos parte da redenção de Cristo, ou seja, de entender nosso chamado aqui na terra. Sabemos entretanto que correntes contrárias, medos e conflitos entre ter, fazer e ser, corroem a nossa confiança de viver a vontade de Deus. É como se “ienas” dentro e fora de nós quisessem mudar nosso foco  para a carne, para o amor a coisas visíveis. Mas acima de tudo vocação é a maneira como Deus se manifesta nos concedendo significado e um real sentido de estarmos aqui no mundo e pertencermos a este Brasil.
País que foi tema da 3° semana de fevereiro, onde através de Darcy Ribeiro e o seu documentário Povo Brasileiro pudemos ter um contato mais profundo com a história cultural do nosso Brasil. E como a miscigenação do negro, branco e índio, possibilitou a construção do povo brasileiro.   Seria ilusão dizer que não ficou nenhum preconceito proveniente da escravidão ou colonização, porém essa aula me ensinou que Deus  foi muito criativo em criar o brasileiro  Um povo cheio de ritmo e cor, que ama criar,inovar e se divertir com sua arte.
Na última semana de fevereiro tivemos aula de diversidade cultural, cosmovisão e contracultura com Simone da Atini, e  podemos perceber que lutas e protestos  culturais sempre existiram no relacionamento humano. Mas quando trazemos para nós, surge a pergunta, será que estamos sendo de fato protestantes, um povo que luta contra a cultura dominante da luxúria, do amor ao dinheiro,  do prazer excessivo agredindo valores morais e pessoais? Leis estão surgindo para favorecer “novas” opções sexuais, mas assuntos como o infanticídio são esquecidos por se tratar de indígenas. Há muito o que protestar neste país. Os índios estão se levantando para lutar. E nós? Fizemos no final da disciplina um ato público contra o aborto, foi um leve despertar para o que podemos fazer enquanto cristãos.
Entre as aulas teóricas nós estamos tendo atividades práticas como jazz, balé, contemporâneo, hip hop, teatro e música. Tudo muito novo para mim e tudo muito difícil, portanto está sendo desafiador. Eu sei que tenho talento para algumas coisas, mas na dança sou muito limitada.  Cada vez que uma professora fala: está lindo! Eu penso:acho que ela não reparou em mim, ou então é muito incentivadora! Mas o legal disso tudo é que elas entendem que Deus não procura dançarinos profissionais, mas adoradores com coração disposto a servir, e Ele nos ama não por méritos ou pela obra de arte, mas pela graça. Eu sei que tenho que  me esforçar muito para ficar “very good”, e sei que Deus me capacita  a dançar,  a vencer timidez, o orgulho, e vaidade. Portanto é preciso muita perseverança em tudo que fizer.
Bem essas foram as minhas aventuras inicias em Pi, Piratininga,  tá certo eu não vi nenhuma corrente de águas vivas, não lutei contra um tigre,  mas eu saltei como no filme num barco sem vela e sem motor. E eu vou ter que conviver com as  minhas dúvidas, com minha vaidade e combater o orgulho, deixando ser guiada pelas correntes providencias de Deus. Outras aventuras virão, e creio que em todas elas será preciso lutar, mas eu sei que eu não estarei sozinha. Obrigada Jesus!