Texto por Marco Faria.
Quem já não ouviu essa pergunta e diante dela ponderou respondendo não, quando na verdade gostaria muito de aceitar o convite? Ou o inverso, o aceitou amarelo e enquanto lhe sorvia sofridamente, se condenava? É claro que essa ilustração talvez seja vazia demais das intenções desse texto, mas ao mesmo tempo suficientemente corriqueira para refletirmos sobres nossas decisões.
Uma coisa é muito clara, sempre vamos procurar alguma desculpa – seja na nossa educação, timidez ou naquilo que sofremos algum dia – para assim fugirmos da responsabilidade de decidirmos sobre qualquer coisa, ou pelo menos justificar nossas atitudes e escolhas. Mesmo que seja apenas sobre um simples cafezinho.

O pior é que na vida somos diariamente desafiados a decisões, escolhas, cafezinhos, almoços, lanches, relacionamentos, estudos, carreiras, futuros, destinos. E a cada decisão, um novo mundo de possibilidades se abre diante dos nossos olhos e transtorna as nossas certezas e convicções. Acredito que responsabilidade é a capacidade que desenvolvemos para, diante das questões da vida, elaborarmos respostas (escolhas e decisões) das quais estaremos dispostos a assumi-las e nos comprometermos com elas.
Em uma dada situação, Jesus ensinava e mediante a tradição que dizia sobre assumir compromissos jurando em nome de Deus ou como muitas vezes fazemos hoje, para validarmos nossos comprometimentos e promessas quando juramos ‘pela alma da mãe’ ou ‘pela vida’, ele chamou a atenção do povo sobre essa atitude. Parece, para mim, que essa postura revelou-se um certo medo de assumir o compromisso por suas decisões e por seus votos, reclamando assim autoridade maior.
Aparentemente, seria mais fácil prometer algo jurando em nome de Deus ou de alguém mais e assim se obrigar a cumprir o comprometido, mas Jesus vai mais distante, diz que não deveríamos jurar de modo algum, nem nos comprometermos ou jurarmos pela nossa própria cabeça, principalmente por que somos incapazes de controlar as contingências da vida e nem mesmo somos capazes de mudar a cor de um fio de cabelo por nós mesmos. No seu ensino, Jesus apresenta um modo coerente de nos responsabilizarmos sobre nossas decisões e de nos comprometermos sobre nossa realidade e sobre a história que temos construído. “Basta que digas SIM, quando for SIM, e NÃO, quando for NÃO.” Simples assim, e o que passar disso, apenas nos trará confusões. (Mt. 5:37 BPT);
Diante dos desafios da vida, precisamos aprender a sermos hábeis nas nossas decisões e escolhas (refletindo sobre as implicações delas para nós e para aqueles que nos rodeiam), e sermos honestos o suficiente para assumi-las. Creio que assim, seremos hábeis para respostas melhores, mais realistas e verdadeiras, e até mesmo diante daquelas escolhas que não são tão boas, lidaremos melhor com elas. E quando diante das escolhas ruins, talvez não culparmos a ‘serpente que fala’, mas assumirmos nossa responsabilidade, ou melhor, ao voltarmos sobre essas escolhas para reavaliá-las, repensá-las, que tenhamos nossos corações convertidos à Deus e à sua vontade. E aí, vai aceitar um cafezinho?