Porque temos essa cultura de não confrontar e sermos confrontados?
Por: Renato Wong.
No último mês nas quartas-feiras, temos assistido a algumas aulas da Landa Cope. Temos procurado assistir um pouco e depois debater sobre o que foi falado. Nesta última aula, todos nos sentimos desafiados, quando a Sra. Cope desafiou seus alunos a tentarem enxergar os aspectos pecaminosos de suas culturas, que também permeiam a vida dos cristãos. No debate após a aula, incentivei o grupo a pensar em alguns aspectos de nossa cultura que são claramente “mentiras culturais” ao nosso alcance e que poderíamos tentar abordar no nosso dia a dia.
Dentre diversos exemplos que foram dados, pudemos sintetizar quase todos numa só raiz: o medo de confrontar e ser confrontado que temos, primeiramente como seres humanos e depois, mais especificamente, como brasileiros!
Esta condição tem consequências gravíssimas em nosso dia a dia, veja se você se identifica ou já viu cenas similares:
1) Numa agencia bancária, uma pessoa adulta pega uma criança que tem mais de 2 anos de idade no colo e simplesmente “fura” a fila e ainda por cima não vai no guichê preferencial, vai no que vagar primeiro! E para piorar a situação: ninguém faz nada ou no mínimo fala diretamente com a pessoa (isso sem contar os comentários maldosos que fazem pelas costas da pessoa)
2) Numa organização (empresa, governo, igreja), um líder (gerente, diretor, pastor) deliberadamente comete um ato claro de corrupção: suborna alguém, recebe suborno, ou talvez “menos grave”, estando na posição de liderança e vendo um subordinado corromper ou ser corrompido, simplesmente ignora a situação e não faz nada, sequer comenta sobre o assunto.
3) No corpo de Cristo, vemos um irmão na empresa dele agindo de má-fé, sendo desonesto com seus clientes ou fornecedores, e não o confrontamos, e ninguém o faz.
Provavelmente você já passou por uma situação no mínimo similar que as descritas aqui. Estes são sintomas claros: temos medo de confrontar e sermos confrontados!
Olhando para a pessoa de Jesus, vemos que ele não tinha medo de confrontos! Confrontou os discípulos, confrontou os líderes religiosos, confrontou as autoridades políticas, sempre em amor (e em amor, não significa que ele falou “de mansinho”, mas sempre na medida e no tom necessário), mas sempre defendendo a Verdade e a Justiça! Um dos principais motivos que ele foi entregue para ser crucificado provavelmente foram seus confrontos com os religiosos. Ele pagou um preço alto pela Verdade e Justiça. Talvez a própria convivência de Jesus com os discípulos não deveria ser muito fácil a princípio devido a isso, mas a transparência e o amor juntos abrem caminho para relacionamentos mais firmes, maduros e íntimos!
Voltando ao nosso contexto, podemos até pensar “isso é problema dele com Deus” ou “isso não me afeta”, mas será que não é egoismo de nossa parte não pensar no irmão que está precisando de uma exortação ou nas vítimas de uma injustiça? Se colocássemos isso mais em prática, teríamos menos corrupção, menos sonegação de impostos, menos preços abusivos, menos ovelhas feridas, menos líderes “intocáveis” e ao mesmo tempo mais humildade, transparência, amor e união. Em nosso debate, nos sentimos muito limitados com a grande dificuldade que é viver isso no nosso dia a dia! Mas isso nos ajudou a perceber o quanto precisamos mais de Cristo, e como precisamos buscá-lo mais!
Quem confronta, está abrindo caminho para ser confrontado. É uma via de duas mãos, o que é saudável porque abre o caminho para diálogos e a consensos e mais importante, para a Justiça. Mas, independente das pessoas se abrirem ou se fecharem ao confronto, é nosso dever lutarmos contra injustiças, calúnias, corrupção, enfim.. contra as trevas, não importa o preço que tenhamos que pagar: isso pode nos custar caro, como perder o emprego, ou custar menos, como ser tachado de chato…mas essa é a nossa cruz. “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz, e siga-me” (Mt16:24)