Claire Xavier é missionária e professora de escolas na Jocum/Universidade das Nações que tem transformado mentes e corações falando sobre a Humanidade de Jesus. Ela passou pela Eted Duo e queremos que você a conheça também!
Uma inglesa com sotaque de Minas. Mesmo quem não tem intimidade com a Claire em Jocum, acaba se referindo assim a ela, não como um rótulo, mas como o reconhecimento de que alguém de muito longe abraçou uma outra cultura, que por acaso é a nossa, a brasileira. Antes de ser a menina que veio para o Brasil para obedecer ao chamado de Deus, Claire foi uma criança que nasceu e cresceu em Londres, Inglaterra.
A VIDA ANTES DO BRASIL
Sua família cristã foi responsável por promover um ambiente em que receber missionários em casa era comum. Com uma infância que ela define como “normal”, na adolescência acabou ficando sozinha na igreja sem ninguém de sua idade ou de uma geração próxima. E essa, segundo ela, é a realidade comum para os jovens na igreja da Europa. “Mas quando eu pensava em me afastar por conta das circunstâncias, as palavras que ecoavam na minha mente eram as de Paulo: ‘Para onde irei, Senhor, se só Tu tens as palavras de vida eterna?’ ”
Enquanto buscava sentido e direção, Claire buscava a Deus. Como muitos jovens cristãos, foi em um acampamento de jovens, depois de uma palavra sobre missões, que ela ouviu a voz de Deus sobre seu futuro. “Ele estava me chamando para o Brasil. Não sabia por que ou para quê. Não sabia por quanto tempo. Não sabia nada da língua ou da cultura. Mas com aquela coragem de uma jovem sem nada a perder, comprei as passagens e vim!”, conta.
A NOVA REALIDADE
De lá para cá, 18 anos se passaram desde que a mocinha britânica pisou em terras brasileiras. E nesse tempo ela vê que nunca pararam a busca, o crescimento, os encontros, as muitas dificuldades e ainda mais as alegrias. “Aqui conheci o Senhor. Aqui conheci amigos mais chegados que irmãos. Aqui conheci meu marido e tive meus dois filhos”, celebra. Claire foi missionária da Jocum Cerrado, em Uberlândia, Minas Gerais.
Claire admite que já ouviu muitas vezes a pergunta sobre o que aprendeu com tudo isso, todos esses anos e essa mudança. Ela responde que pode afirmar ter aprendido que sozinha nada pode e nada é. “Aprendi que a minha humanidade, se não for resgatada no seu real sentido, vai me servir de desculpa para não viver a plenitude do que Deus me chama para viver. Mas quando descubro que a minha humanidade é a mesma que a de Jesus, quando descubro que não busco ser santa “apesar” dela, mas sim através dela, eu encontro uma leveza no caminhar, explica.
E é exatamente esse aprendizado que a missionária britânica mais mineira que você irá conhecer – competindo com Jim Stier, o americano mais mineiro – tem compartilhado nas salas de aula de Eted, em treinamento de obreiros e com os amigos. Na semana em que esteve na Jocum Vila mais uma vez, ela trouxe a maravilhosa notícia de que Jesus viveu aqui entre nós. Como ela ensina:
“Ele cresceu, ele aprendeu, ele dançou e se alegrou, sentou à mesa com aqueles tão diferentes dele, ele sofreu, chorou. E me convida a viver assim… aqui ou lá, com meus erros e acertos, entregue a Ele. Não sabendo para onde o caminho vai me levar, mas sabendo quem está caminhando comigo. A humanidade de Jesus me ensina isso, me ensina que o próprio Deus, Criador de todas as coisas, se agachou e sujou as mãos com a minha humanidade. E me amou. E me chamou para andar com Ele. Uma verdade chocante para alguns, e inspiradora para outros. Então essa aula nasce da minha história, misturada com outras histórias, juntas fazendo parte da grande história Dele, o autor das nossas vidas e da nossa humanidade”.
HORA DE VOLTAR, OU IR?
E este semestre pode ter sido o último de Claire na Vila antes de voltar, como anuncia que agora, aquela mesma voz a chama para voltar. “Na verdade, não vejo isso como volta, porque seria impossível voltar para algo que já não existe mais da mesma maneira, e nem eu sou mais a mesma, mas o convite agora é de ser ponte. Ponte entre Brasil e o Reino Unido. Ponte entre pessoas, chamados, e corações”, comenta.
“E o meu coração?”, pergunta a si mesma, e relata que hora se enche de alegria e expectativa (afinal, são 18 anos longe de “casa”), hora fica apertado e apreensivo. Mas ela admite que o Senhor se manifesta na diversidade. “A cultura que tenho como minha não é nem a daqui e nem a de lá. Pregamos e vivemos (entre quedas e tropeços) a cultura de um Reino muito maior que nós”, finaliza.